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sábado, 16 de abril de 2011

Eldorado: sobreviventes pedem mais assistência


Os sobreviventes da chacina de Eldorado dos Carajás irão passar por perícia para receberem tratamento médico pela Secretaria de Estado de Saúde (Sespa). O governo estadual também vai fazer levantamento do valor das pensões pagas aos sobreviventes, mas que estão com valores defasados porque não acompanharam as reposições da inflação desde 1997, quando foram concedidas pelo então governador Almir Gabriel.

Um grupo de 32 sobreviventes se reuniu com o chefe da Casa Civil, Zenaldo Coutinho, e com o procurador-geral do Estado, Caio Teixeira, onde apresentaram uma lista de reivindicações, porque 15 anos após a chacina, eles ainda sofrem sem tratamento médico, entre outros problemas.



Ontem, o secretário foi informado que há outras pessoas que foram vítimas do massacre, mas que não foram incluídas na lista oficial. Coutinho informou que é preciso comprovação da participação dessas pessoas para que o Estado as inclua na lista.

Os sobreviventes deixaram claro que o tratamento médico continuado àqueles que sofrem com as sequelas da violência policial é o principal foco da questão. Mas o

reajuste das pensões também é ponto crucial das reivindicações. “É uma questão de justiça para essas pessoas que são vítimas e ficaram impossibilitadas de trabalhar”, explica o advogado do grupo, Walmir Brelaz.

Muitos sobrevivem com sequelas das balas ainda alojadas pelo corpo e que os impedem de trabalhar. Além disso, até hoje as viúvas dos 19 trabalhadores sem-terra assassinados nunca foram indenizadas pelo Estado do Pará.

“O governador é sensível aoreajuste das pensões e determinou a revisão”, informou o chefe da Casa Civil. Ele propôs ao grupo que o reajuste das pensões seja baseado na correção anual do salário mínimo, a fim de que as pensões não sejam mais defasadas.

BAIXAS PENSÕES

Muitos sobreviventes estão recebendo R$ 300 mensais, outros R$ 415. Nós temos direito garantido, mas o que o governo tem feito é só paliativo. Não existe atendimento continuado”, conta Antônio Alves, o Índio, líder do grupo de 69 sobreviventes da chacina.

Bibiano Acácio Cardoso, 59, outro sobrevivente, cobrou do chefe da Casa Civil atendimento específico para seus problemas de saúde.

Durante a chacina, ele levou três balas no corpo, na cabeça, no braço e na perna. As marcas da violência o deixaram com surdez do lado esquerdo, muita dor na cabeça, mancando e com o braço esquerdo endurecido.

A perícia médica será realizada no município de Marabá e o próprio secretário estadual de Saúde, Hélio Franco, será responsável em atender os sobreviventes para realização da perícia, a décima em quinze anos.

Gabriel Fagundes, que ficou surdo por causa da bala alojada no ouvido e de pancadas na cabeça, e Alcione Ferreira, cego, após retirar a bala do olho, serão os primeiros a receber o tratamento do governo Simão Jatene em 2011. Como o caso deles dois é mais grave, eles serão atendidos na capital, a partir de segunda-feira.

Ainda ficou acertado que será formada uma comissão, composta de dois sobreviventes e dois integrantes do governo estadual, para analisar a lista dos pensionistas com valores defasados e os possíveis sobreviventes que ainda não foram incluídos para receber os benefícios. Zenaldo Coutinho disse que pretende concluir o processo em três meses.
(Diário do Pará)

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