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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Polícia abre inquérito para apurar pancadaria na Câmara de São Domingos

As imagens gravadas em vídeo da pancadaria na Câmara de São Domingos do Araguaia servirão de base para o inquérito aberto pela Polícia Civil. A informação foi confirmada pela delegada do município, Nilde Rosa da Silva. Pelo menos cinco dos nove vereadores estiveram envolvidos na troca de socos e chutes, entre eles o presidente da Casa, Elio Sandro Vieira Mendes, o qual registrou BO dizendo-se vítima de agressão pelos demais.
De outro lado, a Mesa Diretora da Câmara de São Domingos do Araguaia solicitou parecer jurídico sobre que providências deve tomar quanto à pancadaria em plenário. Todo o clima de tensão na política de São Domingos vem sendo exposto em reportagens deste Jornal desde o ano passado e diz respeito ao racha na Câmara Municipal entre os vereadores que apoiam e os de oposição ao prefeito Jaime Modesto.
Na sessão de sexta-feira, 5 de agosto, por incentivo do ex-vereador Nivaldo Setubal, presidente local do PMDB, o vereador Gilmar Oliveira pediu que Elio, mais Javier Lorencine e Luis Paixão – todos aliados do prefeito – fossem afastados da Câmara Municipal, por suposta quebra de decoro. Eles estariam recebendo dinheiro do governo municipal oriundo do Fundeb.
Diante do ensaio de bate-boca que se seguiu, o presidente da Casa encerrou a sessão extraordinária que deveria votar a Lei Orçamentária e permaneceu sentado no seu lugar. Logo, alguns colegas se aproximaram a conversa ganhou tom mais ríspido. Quando Edson do Bertolino tentou pegar o microfone da mesa diretora, começou o empurra-empurra e a pancadaria.
Nas imagens, além dos vereadores Elio Mendes, Edson do Bertolino, Raimundo Conrado, Adenilson Santos e Gilmar Oliveira, os irmãos deste último, Carlos e Carlito também são vistas no meio da troca de sopapos.
Elio Mendes, que diz ter sido agredido pelos demais – e nas imagens de vídeo realmente é o que mais leva socos e pontapés – foi o primeiro a prestar queixa formal junto à autoridade policial.
Toda a confusão tem como testemunhas as dezenas de populares que assistiam à sessão da Câmara e até policiais militares, que ao contrário do que disse a reportagem da TV Globo, já estavam no prédio do Legislativo durante o entrevero e, talvez por envolver as autoridades políticas, limitaram-se a separar os brigões, sem dar voz de prisão a nenhum deles.
Constrangimento
A imagem do município exposta em cadeia nacional por meio de acontecimento violento deixou os moradores da cidade envergonhados e constrangidos. Desde sábado não se fala em outra coisa em toda a cidade, a não ser na pancadaria gratuita, quase sempre com os populares repudiando a atitude dos vereadores envolvidos.
É o caso do cabeleireiro Antônio Araújo Silva que lamenta o ocorrido e a proporção que ganhou o assunto. Já o aposentado João Batista comenta: “É uma vergonha para a nossa cidade ver os nossos representantes trocando tapas por causa do poder”.
No prédio da Câmara ainda estão as marcas da briga, com mesas quebradas e avarias ao equipamento de som do plenário.
Também ouvido sobre o caso, o presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o paraense Ophir Cavalcante Júnior, disse que o caso configura quebra de decoro e merece providências. “É necessário que a sociedade se mobilize e exija, porque passar por cenas como essa é algo que não nos traz conforto, pelo contrário, traz repulsa”, opina.
Novela
Procurados pela reportagem os envolvidos Elio Mendes não atendeu o seu celular e outros vereadores disseram ter ouvido que ele estaria em momento de retiro, esfriando a cabeça. A uma emissora de TV que o localizou ele negou estar recebendo dinheiro de verba do Fundeb e que os vereadores sequer têm acesso a esse recurso.
Gilmar Oliveira, por seu turno, admitiu que tanto ele quanto os irmãos participaram da briga, porém defendeu que tudo o que está acontecendo é porque os pedidos de CPI e outros encaminhamentos contra o prefeito sempre são engavetados pelo presidente da Casa. “Se tivemos nove sessões este ano, não existe uma ata aprovada”, queixa-se.
Javier Lorencine, outro que falou com a Reportagem por celular, disse estar tranquilo, frisou que não participou da troca de socos e pontapés e revelou que a oposição, que pede o afastamento dele, de Elio e Luiz Paixão até hoje não apresentou nenhum pedido formal nesse sentido. “Estamos numa democracia. Se eles fizerem isso, estão no direito deles e eu vou me defender, mas eles nunca fizeram”, responde. 

(Correio Tocantins)

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