(Foto: Karol Khaled- Ascom UFPA)
No âmbito dos negócios, quase a totalidade das empresas lida com informações. Número de clientes, dados de compras, controle de vendas e estoque não estão mais registrados nos livros contábeis. Com a chegada do século XXI e o avanço da tecnologia, as informações estão digitalizadas. Para manter a produtividade e enfrentar a concorrência, são necessários os ajustes e as adaptações na gestão das empresas. Mas, no Brasil, muitas barreiras são encontradas para que isso aconteça, tais como o custo das redes de conectividade, a educação e a inclusão digital, o que atrasa a inserção do País nas mudanças e nas tendências globais.
Neste contexto, as dificuldades enfrentadas pelas empresas no Pará receberam atenção especial na Dissertação do professor Helder da Silva Aranha, da Faculdade de Administração da UFPA, intitulada Fatores inibidores à adoção de Tecnologias de Informação em Micro e Pequenas Empresas fornecedoras da Vale no Estado do Pará. A Dissertação foi orientada pelo professor Manoel Veras de Sousa Neto e defendida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Para fazer a pesquisa, o professor Helder Aranha buscou parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), por meio do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), que disponibilizou o acesso ao seu cadastro eletrônico, emitindo, inclusive, um comunicado às empresas, incentivando--as a participar do processo. Das 272 empresas fornecedoras cadastradas e qualificadas no PDF até março de 2010, 75 foram selecionadas, por meio de amostragem aleatória simples, para aplicação de questionários.
A seleção reflete o cenário empresarial do Pará, composto majoritariamente por empresas incluídas no segmento de Micro e Pequenas Empresas (MPE), as quais encontram dificuldades em atender os padrões exigidos por grandes empresas compradoras instaladas no Estado, como a própria Vale (ex-Companhia Vale do Rio Doce), uma das maiores empresas privadas do Brasil. Na Vale, quase todo o processo de gestão de fornecedores é eletrônico, utilizando ambiente da web e aplicações em Tecnologia de Informação (TI), que é caracterizada pela integração da informática (hardwares e softwares) dentro da administração de empresas e organizações.
"Esta integração é colocada à disposição da gestão, viabilizando informações qualificadas e análise de dados, fatores que são pertinentes à formulação de estratégias de negócios e de competitividade", esclarece o professor Helder Aranha. Assim, a pesquisa buscou identificar quais são os fatores inibidores à adoção de TI das MPEs paraenses fornecedoras de produtos e serviços da Vale.
Custos elevados e descrédito são principais inibidores
Foram selecionadas MPEs localizadas em Abaetetuba, Ananindeua, Belém, Castanhal, Marabá, Marituba e Parauapebas, 15 empresas do ramo de alimentação e 12 empresas representando o comércio de materiais de construção. Os questionários foram aplicados aos proprietários ou aos gestores das MPEs.
Entre os resultados encontrados, destaca-se que 48% das empresas não possuem suas próprias homepages, 34,67% afirmam não possuir pessoa ou setor responsável pela TI nos estabelecimentos e 66,67% não realizaram nenhum tipo de capacitação em TI para seus empregados nos últimos dois anos. Quase metade das empresas pesquisadas (43%) ainda utiliza recursos antigos de acesso à internet, como rádio, linha discada ou via telecentros, cybers e lan houses, sendo este acesso pouco utilizado para gerenciar operações logísticas.
O custo elevado de software e hardware e a falta de suporte técnico na região estão entre os principais fatores técnico-financeiros inibidores da adoção de TI pelas empresas pesquisadas. A pesquisa constatou, ainda, que existe um descrédito nas estratégias e ferramentas da Tecnologia de Informação devido a experiências anteriores frustradas, além do temor, por parte dos funcionários da empresa, de serem monitorados em suas atividades individuais.
Para o professor Helder Aranha, os resultados constatam "a grande desvantagem e, por conseguinte, os fatores inibidores mais relevantes no Pará, os quais são o custo (o preço da internet via banda larga, por exemplo) e a má consultoria. O descrédito diagnosticado em função de experiências anteriores no uso de TIs dessas MPEs aponta para a existência de atendimentos mal encaminhados que geraram um ‘trauma’ nos gestores dessas empresas, por isso a inibição em adotar as Tecnologias de Informação".
Hoje, as compras são virtuais e não há intermediários
No âmbito teórico, é consenso que a economia está crescendo com bases nas TIs. Alguns estudiosos descrevem esse crescimento como uma nova economia, ao inserir as empresas em comércios eletrônicos. Outros apontam que essa nova economia é apenas a "velha economia" dotada de ferramentas modernas. Porém é inegável que o uso das Tecnologias de Informação provoca uma profunda alteração na forma de fazer negócio.
Um exemplo mencionado pelo professor Helder Aranha diz respeito ao caso das indústrias fonográficas: "elas estão em um momento de transição devido à desintermediação e virtualização de suas mercadorias, o que altera a cadeia de fornecimento, pois o consumidor tem acesso direto aos produtos no ciberespaço. É uma nova conjuntura, pois, antes, na dita ‘velha economia’, pressupunham-se cadeias de intermediários, mas, com a web, há a desintermediação".
Trabalho a distância – Outra mudança apontada pelo professor é o surgimento do "teletrabalho", o trabalho a distância, realizado em casa e viabilizado pelo suporte da empresa, via internet. A proposta é incrementar a "velha economia" com qualidade de vida do empregado, permitindo um trabalho mais saudável, sem deixar de lado a produtividade e a competitividade.
Atualmente, o sucesso dos sites de compras coletivas tem sido motivador para a adoção das TIs. Mas os inibidores existem e a concorrência com outras regiões do Brasil acaba firmando um abismo digital no País. "Neste sentido, é fundamental a participação governamental para erradicar esse problema. Agências reguladoras, empresários e universidades devem estudar como melhorar o impacto dos custos em TIs, principalmente, referentes à manutenção e à consultoria. Quanto mais periféricas as cidades, mais elevados são esses custos", pondera o professor.
Helder Aranha anseia promover uma discussão nacional entre universidades a partir da formação de um observatório para análise permanente de fatores inibidores de adoção das TIs. "Assim, teremos a possibilidade de apresentar uma análise melhor fundamentada sobre a adoção das Tecnologias de Informação no mundo dos negócios. As empresas paraenses não podem ser marginalizadas porque a economia se tornou virtual", conclui.
Neste contexto, as dificuldades enfrentadas pelas empresas no Pará receberam atenção especial na Dissertação do professor Helder da Silva Aranha, da Faculdade de Administração da UFPA, intitulada Fatores inibidores à adoção de Tecnologias de Informação em Micro e Pequenas Empresas fornecedoras da Vale no Estado do Pará. A Dissertação foi orientada pelo professor Manoel Veras de Sousa Neto e defendida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Para fazer a pesquisa, o professor Helder Aranha buscou parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), por meio do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), que disponibilizou o acesso ao seu cadastro eletrônico, emitindo, inclusive, um comunicado às empresas, incentivando--as a participar do processo. Das 272 empresas fornecedoras cadastradas e qualificadas no PDF até março de 2010, 75 foram selecionadas, por meio de amostragem aleatória simples, para aplicação de questionários.
A seleção reflete o cenário empresarial do Pará, composto majoritariamente por empresas incluídas no segmento de Micro e Pequenas Empresas (MPE), as quais encontram dificuldades em atender os padrões exigidos por grandes empresas compradoras instaladas no Estado, como a própria Vale (ex-Companhia Vale do Rio Doce), uma das maiores empresas privadas do Brasil. Na Vale, quase todo o processo de gestão de fornecedores é eletrônico, utilizando ambiente da web e aplicações em Tecnologia de Informação (TI), que é caracterizada pela integração da informática (hardwares e softwares) dentro da administração de empresas e organizações.
"Esta integração é colocada à disposição da gestão, viabilizando informações qualificadas e análise de dados, fatores que são pertinentes à formulação de estratégias de negócios e de competitividade", esclarece o professor Helder Aranha. Assim, a pesquisa buscou identificar quais são os fatores inibidores à adoção de TI das MPEs paraenses fornecedoras de produtos e serviços da Vale.
Custos elevados e descrédito são principais inibidores
Foram selecionadas MPEs localizadas em Abaetetuba, Ananindeua, Belém, Castanhal, Marabá, Marituba e Parauapebas, 15 empresas do ramo de alimentação e 12 empresas representando o comércio de materiais de construção. Os questionários foram aplicados aos proprietários ou aos gestores das MPEs.
Entre os resultados encontrados, destaca-se que 48% das empresas não possuem suas próprias homepages, 34,67% afirmam não possuir pessoa ou setor responsável pela TI nos estabelecimentos e 66,67% não realizaram nenhum tipo de capacitação em TI para seus empregados nos últimos dois anos. Quase metade das empresas pesquisadas (43%) ainda utiliza recursos antigos de acesso à internet, como rádio, linha discada ou via telecentros, cybers e lan houses, sendo este acesso pouco utilizado para gerenciar operações logísticas.
O custo elevado de software e hardware e a falta de suporte técnico na região estão entre os principais fatores técnico-financeiros inibidores da adoção de TI pelas empresas pesquisadas. A pesquisa constatou, ainda, que existe um descrédito nas estratégias e ferramentas da Tecnologia de Informação devido a experiências anteriores frustradas, além do temor, por parte dos funcionários da empresa, de serem monitorados em suas atividades individuais.
Para o professor Helder Aranha, os resultados constatam "a grande desvantagem e, por conseguinte, os fatores inibidores mais relevantes no Pará, os quais são o custo (o preço da internet via banda larga, por exemplo) e a má consultoria. O descrédito diagnosticado em função de experiências anteriores no uso de TIs dessas MPEs aponta para a existência de atendimentos mal encaminhados que geraram um ‘trauma’ nos gestores dessas empresas, por isso a inibição em adotar as Tecnologias de Informação".
Hoje, as compras são virtuais e não há intermediários
No âmbito teórico, é consenso que a economia está crescendo com bases nas TIs. Alguns estudiosos descrevem esse crescimento como uma nova economia, ao inserir as empresas em comércios eletrônicos. Outros apontam que essa nova economia é apenas a "velha economia" dotada de ferramentas modernas. Porém é inegável que o uso das Tecnologias de Informação provoca uma profunda alteração na forma de fazer negócio.
Um exemplo mencionado pelo professor Helder Aranha diz respeito ao caso das indústrias fonográficas: "elas estão em um momento de transição devido à desintermediação e virtualização de suas mercadorias, o que altera a cadeia de fornecimento, pois o consumidor tem acesso direto aos produtos no ciberespaço. É uma nova conjuntura, pois, antes, na dita ‘velha economia’, pressupunham-se cadeias de intermediários, mas, com a web, há a desintermediação".
Trabalho a distância – Outra mudança apontada pelo professor é o surgimento do "teletrabalho", o trabalho a distância, realizado em casa e viabilizado pelo suporte da empresa, via internet. A proposta é incrementar a "velha economia" com qualidade de vida do empregado, permitindo um trabalho mais saudável, sem deixar de lado a produtividade e a competitividade.
Atualmente, o sucesso dos sites de compras coletivas tem sido motivador para a adoção das TIs. Mas os inibidores existem e a concorrência com outras regiões do Brasil acaba firmando um abismo digital no País. "Neste sentido, é fundamental a participação governamental para erradicar esse problema. Agências reguladoras, empresários e universidades devem estudar como melhorar o impacto dos custos em TIs, principalmente, referentes à manutenção e à consultoria. Quanto mais periféricas as cidades, mais elevados são esses custos", pondera o professor.
Helder Aranha anseia promover uma discussão nacional entre universidades a partir da formação de um observatório para análise permanente de fatores inibidores de adoção das TIs. "Assim, teremos a possibilidade de apresentar uma análise melhor fundamentada sobre a adoção das Tecnologias de Informação no mundo dos negócios. As empresas paraenses não podem ser marginalizadas porque a economia se tornou virtual", conclui.
(Ascom UFPA)
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