O fim do ano se aproxima e com ele a perspectiva de boas vendas no comércio. Afinal, Natal e Ano Novo para o setor é a melhor de todas as épocas. Entretanto, para o presidente do Sindicato do Comércio de Marabá (Sindicom), Paulo César Lopes, o crescimento desse segmento não deve passar de 3% a 5% este ano, “assim mesmo, na marra”. Ainda segundo ele, as contratações este ano não devem passar de 300 empregos temporários.
Segundo Paulinho, como também é conhecido o dirigente classista, o fraco desempenho do comércio local atualmente é reflexo do atual momento por que passa o município, que ainda não viu os “grandes empreendimentos prometidos”. “Hoje, o comércio está vivendo das folhas de pagamento da prefeitura, do Exército e da Sinobras”, exclama o presidente do Sindicom.
Indagado pelo Jornal sobre a Semana do Desconto, antes anunciada pelo Sindicom como forma de estimular o crescimento das vendas, Paulinho afirma que, devido à convenção coletiva com os comerciários, cujos trâmites absorveram muito tempo, não houve como montar a campanha.
Decepção
Sobre a inadimplência no comércio local, Paulo Lopes afirma que está se encontra alta, com “nível assustador”. “Todas aquelas empresas que vieram para cá, com a perspectiva de que os grandes empreendimentos chegariam à cidade, acabaram diminuindo seus investimentos”, explica Paulinho.
“A perspectiva era de que, a partir de agosto, a Alpa [Aços Laminados do Pará] começasse a ser construída e que outras empresas começariam a chegar a Marabá. Criou-se uma expectativa enorme: o comerciante se endividou, modernizando seus negócios, suas lojas; e o funcionário aproveitou para comprar um terreno, uma casa, mas todas as expectativas foram frustradas”, lamenta o presidente do Sindicom.
Para ele, o comércio não vai encolher, devido a essa expectativa frustrada, mas, certamente, quem migrou para Marabá com a perspectiva de fazer bons negócios, mas não viu o crescimento prometido, “não está muito satisfeito com o resultado”.
Pé atrás
Entretanto, mesmo assim Paulinho, ainda vê boas perspectivas, mas tem um pé atrás: “As notícias são as melhores possíveis, essas obras vão chegar. Agora, não podemos esperar muito tempo, como aconteceu com o Projeto Salobo. Aguardamos durante 22 anos, protestamos, fechamos ferrovia, mas Marabá não tirou um centavo de dividendo desse projeto”.
“A nossa expectativa em relação a esses grandes empreendimentos que estão sendo anunciados é grande. Esperava-se a geração de milhares de empregos, mas não se vê um deputado federal ou qualquer outro político questionando esses atrasos”, conclui Paulo Lopes.
Inadimplência
De acordo com o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Marabá, Pedro Lopes de Brito, a inadimplência no comércio realmente segue tendência de alta.
Para ele, isso é resultado da instabilidade econômica atual, com o aumento de desemprego e a falta de oferta de postos de trabalho. “Consideramos, porém, que os números estão dentro da normalidade, nada que seja alarmante”, afirma Pedro.
De acordo com os números da CDL, que também é responsável pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) nos municípios de Tucuruí, Breu Branco, Goianésia do Pará, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Itupiranga e Eldorado do Carajás, de janeiro a setembro do ano passado, 41.159 pessoas tiveram o nome incluído na lista negativa, mas 29.062 conseguiram quitar seus débitos e se reabilitar perante o comércio.
Já neste ano se 2011, no mesmo período, 62.331 pessoas foram negativadas e apenas 34.895 conseguiram recuperar o crédito, o que mostra um agravamento na situação econômica da região.
Campanha
Indagado se a CDL tem em vista alguma campanha para a diminuição da inadimplência e consequente recuperação do crédito, Pedro Lopes de Brito disse que, por enquanto, ainda não há projeto em relação a esse tipo de ação.
“Pode ser que dentro dos próximos 30 dias nós elaboremos alguma coisa, mas o grande problema das campanhas de recuperação de crédito em Marabá é a falta de vontade de adesão das grandes lojas. Elas alegam que têm políticas próprias a nunca concordam com o que é proposto pela CDL”, queixa-se Pedro.
Segundo ele, uma campanha com esse objetivo, para que realmente tenha um resultado positivo, deve oferecer vantagens muito boas, como isenção de juros de certo período e reparcelamento com desconto, entre outras concessões. “As pequenas empresas concordam, mas não adianta termos uma iniciativa dessas sem que os maiores magazines nos acompanhem. A campanha acaba caindo no descrédito”, afirma Pedro Brito.
Indagado sobre quais as expectativas para as vendas de final de ano, Pedro disse que, como sempre, são as melhores, mas lembra que, em contrapartida, aqueles que estão negativados no SPC e as pessoas que estão desempregadas farão falta ao comércio, pois não têm, no momento, poder de compra.
Quanto ao volume de negócios neste final de ano, Pedro Lopes disse não acreditar em grande crescimento, mas espera que as vendas não sejam inferiores às do ano passado.