Após 28 dias de paralisação, funcionários dos Correios retomaram ontem as atividades em todo o Brasil. Em Belém, bolsas cheias de encomendas, carteiros saindo para entregas ainda no turno da manhã e o grande fluxo nas agências demonstravam que era preciso agilidade para organizar o que foi prejudicado com a greve.
Segundo estimativa dos Correios, a paralisação custou cerca de R$ 20 milhões e resultou em 180 milhões de correspondências retidas em território nacional. No Pará, segundo a assessoria de comunicação dos Correios, cerca de 2,5 milhões de correspondências deixaram de ser entregues durante a greve.
Número que não assustou o carteiro Osvaldo Jesus. Com 31 anos de profissão, ele chegou ao trabalho tranquilo, sem temer os serviços adicionais que lhe aguardavam na unidade do bairro do Telégrafo. “Eu e outros companheiros não grevamos e nessas semanas ficamos adiantando alguns trabalhos internos. Tem muita entrega do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD), mas acho que em poucos dias volta ao normal. Pelo menos o Sedex não ficou atrasado”.
Segundo o diretor sindical Israel Rodrigues, a categoria cumprirá exatamente o exigido pela Justiça e logo extinguirá o excedente de correspondências. “Nossa meta é zerar o excesso em 10 dias, até porque trabalharemos direto, incluindo os domingos e folgando apenas um dia por semana”.
Sobre a decisão judicial, ele explica que não foi exatamente o que a categoria esperava. “Esperávamos mais bom-senso, principalmente em relação aos desconto dos dias parados que já foram feitos antes mesmo do movimento terminar”, denuncia. Apesar disso, o reajuste de aproximadamente 15% foi alcançado e significará, na prática, um aumento de quase R$100 no salário de um carteiro inicial, que a partir de hoje receberá quase R$900.
ALÍVIO
Para a empregada doméstica Celina Ribeiro, o retorno do funcionamento dos Correios é um alívio. “Tinhas duas encomendas importantes para mandar pra minha sobrinha em Rio Branco, mas como por Sedex era muito caro tive que esperar”, afirmou. Além do envio de produtos, o recebimento de compras também a alegrou. “Tinha comprado o presente do meu sobrinho pela internet só que não chegou a tempo pro Dia das Crianças. Tomara que venha até o final do mês”.
Na última terça-feira, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os trabalhadores dos Correios voltassem ao trabalho. No julgamento pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC), os ministros também autorizaram a empresa a descontar no salário dos grevistas o equivalente a sete dias de greve e os demais 21 dias de paralisação devem ser compensados com trabalho extra nos fins de semana. No caso de descumprimento da determinação, a multa diária estabelecida foi R$ 50 mil, a ser aplicada ao sindicato profissional da categoria.
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