Água e alagamentos, chuva e prejuízos. A precipitação de quarta-feira (27), que começou no final da tarde e se estendeu pelo resto da noite, mostrou que em algumas áreas de Belém é impossível não fazer essas associações.
“Aqui é assim: choveu, acabou o sossego. Todo mundo para os seus afazeres para cobrir móveis, buscar baldes e montar proteções para a água não inundar toda a casa”, explica a doméstica Yilda Campos, moradora da avenida Conselheiro Furtado, no bairro de Canudos. Na tentativa de proteger os bens e tentar amenizar os estragos que vêm com a chuva, os moradores do local interditaram a via com pneus, impedindo carros e ônibus de passar. “Está muito cheio. Se passa um veículo grande, empurra água para dentro de todas as casas e a gente não vai poder recorrer a ninguém”, justificava o auxiliar de cozinha Marcelo Angelim.
Moradora do local há 30 anos, a funcionária pública Izabel Mendes conta que essa não foi a primeira vez que os populares tomaram a atitude. “Em março, na última chuva forte, também fizemos o mesmo. É a nossa única forma de amenizar o transtorno”, explica.
Pelas ruas, um festival de sombrinhas tomava conta das paradas de ônibus e coberturas de estabelecimentos. Tudo para não se molhar, ou pelo menos, não tanto. “Quem mora nessa cidade já sabe as artimanhas. É essencial sempre andar com guarda-chuva e se preparar para tirar a sandália e levantar a calça até o joelho em alguns pontos”, disse, bem-humorada, a estudante Camila Rego, que, ao lado da amiga, enfrentava um pequeno rio formado na travessa Timbó, no bairro do Marco.
Perto dali, na passagem São Benedito, o comerciante Carlos Queiroz também se preparava para fechar mais cedo o mercadinho por causa da chuva. “Não adianta lutar contra. Vivo aqui há muito tempo e sempre será desse jeito”, afirmou.
Conformar-se também era o comportamento mais sensato dos motoristas que precisaram enfrentar o trânsito no momento da chuva. Coincidindo com o horário de maior tráfego, os pontos de lentidão se multiplicaram. Na avenida Mundurucus, em Canudos, muitos carros davam a volta e seguiam na contramão para fugir do congestionamento. Já na Avenida Alcindo Cacela, umas das vias onde os alagamentos são constantes, o fluxo foi prejudicado pela cautela ao atravessar as grandes poças d’água. “Já vi muito carro parar no meio da pista por ter entrado água no motor. Tenho pena de quem não tem opção”, disse o frentista Miguel Gomes.
(Diário do Pará)
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